8 de março:  Mulheres rompendo barreiras

*Por Rita Serrano

8MdiadamulherEm janeiro de 2023 assumi o maior desafio de toda a minha vida. Tomei posse da presidência da CAIXA, banco que sou empregada desde 1989. Fui convidada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e aceitei com entusiasmo o novo desafio que me coloca em um lugar estratégico para a construção do Brasil democratico, de justiça e paz. Mas não é só isso. Estar no cargo mais alto do maior banco público do Brasil é simbólico não só para mim, mas para todas as mulheres que, diariamente, rompem barreiras para se manterem em pé. 

Os cargos de liderança, principalmente no mercado financeiro, são reservados para homens. É um espaço agressivo, masculinizado, que sequer tem estrutura para receber mulheres e mães. Pesquisa da Talenses, uma empresa de recrutamento,  aponta o gênero ocupando 26% em posição de diretoria, 23% nas vice-presidências e 15% em conselhos. 

Diante de todo este contexto o que resta para nós é a teimosia. Precisamos teimar e teimar, diariamente quebrar paradigmas para conquistar respeito e reconhecimento. Apesar de toda dificuldade, é notório o comprometimento do governo Lula  com a construção da igualdade, paz e justiça social que tanto buscamos. Este compromisso se torna evidente quando decide indicar mulheres em espaços estratégicos e de direção. Tanto nos ministérios quanto nos bancos públicos. 

Estamos, de fato, vivendo uma ampliação da autonomia feminina, com ampliação das mulheres no mercado de trabalho e até na presença de mulheres em espaços de poder, é um avanço, mas mostra que ainda  há muita luta pela frente. São as mulheres que ainda carregam a sobrecarga do trabalho doméstico e de cuidados e somos nós, também, que seguimos tendo os menores salários. Além disso, os índices de violência contra mulheres não param de crescer.

Dados recentes, coletados pelo DataFolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontam que todas as formas de violência contra mulher aumentam no Brasil em 2022.Consequência do Governo Bolsonaro que ampliou o acesso a arma e promoveu o discurso misógino sem dar a devida atenção a programas que tem como papel enfrentar o machismo por meio da educação.  A pesquisa, chamada “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil” foi publicada no dia 02 de março e apresenta relatos que inclui desde vítimas de xingamentos e ameaças até aquelas que foram esfaqueadas ou alvo de tiros. Além de corroborar a tese de que as principais vítimas de violência são as mulheres negras. 

Já no âmbito do mercado de trabalho, o DIEESE alerta que são as mulheres que são as primeiras a saírem do mercado de trabalho. Não podemos esquecer o que nos disse Simone de Beauvoir: “Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”

Meu compromisso com as mulheres da CAIXA

Em 2022 vivemos a maior crise reputacional da CAIXA. Denuncias de assédio sexual atribuídas ao ex- presidente do banco oocuparam os telejornais. O fato evidenciou outro problema grave enfrentado pelos empregados, que é o assédio moral. 

Como conselheira eleita pelos trabalhadores, durante anos denunciei essa prática, atuando em conjunto com as entidades sindicais e associativas. Agora, com a responsabilidade de presidir o banco, tenho a missão de adotar novos paradigmas para humanizar as relações de trabalho.

Uma das primeiras medidas que tomei nesse início de gestão foi realizar uma Pesquisa de Clima Organizacional, prática abandonada pela antiga gestão. Essa ferramenta vai nos auxiliar a dar voz aos empregados, saber de suas angústias, medos, sugestões. Com o resultado vamos direcionar nossa governança para valorizar o corpo funcional, combater todo tipo de assédio e formar novas lideranças.  

Outra ação é a retomada do programa de diversidade e inclusão. Muito embora 45% dos empregados sejam mulheres, nos cargos da alta gestão somente 26% são ocupados por elas hoje. Resolver em breve esse disparate é uma das minhas prioridades. 

A mudança de cultura não é rápida, enfrenta muitas resistências, mas estamos dando  os primeiros passos na construção do respeito à diversidade, no combate à intolerância e ao assédio e no estabelecimento de ambiente de trabalho cooperativo e produtivo. 

Vamos voltar a ter orgulho de ser Caixa.